segunda-feira, 9 de julho de 2007

A vitória do preconceito


Fui ao Morumbi no último dia 03 para assistir a vitória por 1x0 do São Paulo sobre o Inter de Porto Alegre.

Como de praxe, a torcida organizada Torcida Tricolor Independente -- mais conhecida como Independente -- entoa o nome dos jogadores e do técnico do Tricolor nos momentos que antecedem a partida e ao perceber isso os torcedores “comuns” participam do coro.

Achei estranho não terem gritado o nome do volante Richarlyson, que na semana passada teve o seu nome ligado a uma polêmica envolvendo um dirigente palmeirense que se referiu ao jogador do São Paulo, quando questionado em um programa de TV se o jogador que estaria querendo dar uma entrevista ao “Fantástico” da TV Globo assumindo sua homossexualidade seria do Palmeiras (Richarlyson, em 2005, esteve próximo do acerto contratual com o clube alviverde, mas optou pelo Tricolor). Enfim, voltando à vaca fria, reparei que o nome do atleta referido não foi entoado, mas pensei que poderia ter sido simplesmente uma distração de minha parte.

No fim-de-semana passado, mais precisamente no sábado, o São Paulo jogou contra o Flamengo, também no Morumbi. Dessa vez não fui ao jogo, mas em um espaço de discussão sobre o Tricolor do qual participo -- o fórum “O Mais Querido” (www.omaisquerido.com.br) -- um participante que também compareceu no estádio no jogo contra o Inter e que foi assistir ao empate em 0x0 contra o Flamengo relatou que a Independente mais uma vez pulou o nome de Richarlyson naquela tradicional entoação aos nomes dos jogadores sãopaulinos, jogando no lixo qualquer possibilidade de alguma distração que eu pudesse ter apresentado naquele momento que antecedeu o jogo contra o Colorado do Sul.

Por que a maior torcida organizada do São Paulo estaria fazendo isso? Será que ela tem vergonha do fato desse jogador ser homossexual e por isso estaria boicotando-o (lembrando que não se tem provas concretas de que Richarlyson seja gay)? A provável resposta para esta segunda pergunta é “sim, eles têm vergonha”. E isso é lamentável, mostra a vitória do preconceito, a falta de respeito com o outro e, mais que isso, mostra que a torcida do São Paulo -- inclusive os torcedores comuns, que pelo fato da Independente não gritar o nome do Richarlyson também “se esquece” de entoá-lo --, que sempre se vangloriou por ser diferenciada, culta e inteligente, está se transformando numa torcida (em sua grande parte, pois não se deve generalizar) burra e que não tem moral nenhuma para criticar os torcedores rivais.

Não bastava a violência -- presente em todas torcidas de todos os clubes -- agora, infelizmente, assistimos a vitória do preconceito que não demorará muito a se proliferar. Em pleno século 21...

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