É bem verdade que o São Paulo ocupa hoje o posto de melhor
equipe do Brasil.
O Campeonato Brasileiro ratifica a afirmativa acima, onde
até agora o Tricolor é o líder do certame, com nove pontos acima do segundo
colocado Cruzeiro, restando 13 rodadas para o seu fim e com um saldo de gols
incrível: 32, com 40 gols marcados e apenas oito sofridos em 26 partidas.
Muricy Ramalho, técnico são-paulino, acertou a sua equipe,
que joga um futebol inédito para os padrões brasileiros, cuja principal
característica é a forte marcação, mas sem esquecer o ataque. Como disse o
comentarista esportivo Maurício Noriega do canal pago Sportv, o São Paulo joga
um “futebol de intensidade”.
No entanto, este segundo semestre da equipe paulista não se
restringe ao Brasileirão, já que o Tricolor também está na disputa da Copa
Sulamericana.
É justamente pela participação nessa competição internacional
que se evidenciaram alguns defeitos no clube que nas duas últimas temporadas
conquistou tudo o que disputou.
Por ser o atual campeão brasileiro, o São Paulo adquiriu o
direito de disputar ambas as competições de clubes da Conmembol: a Copa
Libertadores da América no primeiro semestre e a Copa Sulamericana nos últimos
seis meses do ano.
Na hora de desfrutar do segundo direito adquirido, todavia,
o treinador Muricy Ramalho encarou a competição em vigência como um problema,
com declarações em que se percebia nitidamente uma preferência pelo Campeonato
Brasileiro que ocorre concomitantemente com a Sulamericana.
De fato, pelo desgaste físico dos atletas e pelo
planejamento traçado junto com a diretoria, deve-se privilegiar uma competição
em detrimento de outra.
Porém, nunca se deve desvalorizar qualquer outra competição
oficial. E Muricy, talvez sem refletir acerca de suas palavras, acabou por
fazê-lo nas vésperas da estréia tricolor na “fase brasileira” da Copa
Sulamericana na qual o São Paulo enfrentou o Figueirense.
A fase seguinte (oitavas-de-final) da competição
internacional reservava um adversário de respeito: o argentino Boca Juniors.
Durante a semana que antecedeu o jogo, mais e mais
lamentações de Muricy sobre ter de enfrentar a equipe argentina sem ter tempo
de preparar seu time e com o capitão Rogério Ceni dando entrevistas que o jogo
ideal entre Boca e São Paulo seria pela Libertadores.
Jogando no místico estádio La Bombonera, derrota por 2x1,
com um Boca Juniors muito superior contra um São Paulo envolvido pela marcação
adversária. O gol feito pelo centroavante Borges, nos acréscimos, deu uma
sobrevida para a segunda partida entre as equipes no Morumbi.
Com este cenário exposto, pode parecer ao leitor que o
Tricolor teve atuações lamentáveis, com os atletas se preservando em demasia. Não é isso
que se pretende colocar, até porque não foi isso que ocorreu nestes três jogos
já feitos pela Sulamericana.
Houve sim muita correria, determinação em busca da vitória,
mas é visível que o foco não está direcionado para vencer as partidas da
competição. Aparentemente não há a concentração devida que a Sulamericana
merece.
O técnico da equipe (neste caso, Muricy) deveria motivar
seus atletas para jogarem a competição sulamericana com enfoque semelhante
àquele que se vê no Brasileirão. No entanto percebe-se o contrário, até porque
o próprio está desmotivado e parece ter transmitido um pouco deste sentimento aos
jogadores que até agora não mostraram a mesma entrega assistida na competição
nacional.
Este é um erro de Muricy em sua até agora boa passagem pelo
Tricolor. Logo ele, que tem na Copa Sulamericana a oportunidade de provar para
os seus críticos que pode sim ser um vencedor em competições com mata-mata.
Resta ao torcedor esperar a partida da quarta-feira próxima
no Morumbi contra o temido Boca.
Espero ser agradavelmente surpreendido e assistir um São
Paulo em busca do gol, envolvente, matando o Boca com a sua marcação (e não
sofrendo do próprio veneno como aconteceu na Argentina) – o futebol de
intensidade!
E, se assim for, que continue sendo até o último minuto da
final da Sulamericana, para que no fim o torcedor são-paulino comemore o 12º
título internacional do Tricolor.
Porque eu confio no treinador, no grupo de jogadores e sei
que todos podem fazer mais do que fizeram em La Bombonera.