terça-feira, 27 de dezembro de 2011

O Incrível Ricky


Se Richarlyson for para o Palmeiras mesmo, como se especula, chegando inclusive a já ter acertado salários, há três pontos que sustentam a polêmica em torno da negociação:

1) a graça do negócio, depois de anos de zoação aos são-paulinos, inclusive dos palmeirenses. Lembro quando o então dirigente palestrino José Cyrillo Júnior ironizou os tricolores ao ser questionado sobre a notícia de que, na época, um jogador assumiria sua homossexualidade e se este jogador seria do Palmeiras;

2) o perigo de vida que o jogador corre. São grandes as chances de, se concretizada a contratação, os "organizados" palmeirenses ameaçarem a integridade física e moral de Richarlyson. Infelizmente, a intolerância ainda prevalece;


e 3) a questão esportiva. O Richarlyson não é mau jogador. Tem limitações evidentes, mas sempre foi um cara muito bem quisto pelo grupo do São Paulo e por todos treinadores que trabalharam com ele, inclusive recentemente no Atlético-MG. Vontade e dedicação não faltam por parte desse jogador.

O Incrível Ricky: ele não é o Hulk, mas também poderá ficar verde

sábado, 24 de dezembro de 2011

Novidades: novo ano, novo blog, novo endereço

Caros e raros leitores,


Por problemas técnicos, tecnológicos e humanos, os endereços blografabueno.blogspot.com e rpb-blog.blogspot.com não mais pertencem a este blogueiro.


A migração de postagens antigas, bem como as novas que serão feitas quando der na telha deste humilde blogueiro - amante do esporte, amante do futebol -, será feita, aos poucos para o novo Blog Rafael Bueno, agora no endereço www.rafaelpbueno.blogspot.com.

Peço desculpas pelo inconveniente. Espero que continuem apreciando este espaço, que deveria, é verdade, receber mais atenção, mas que a falta de tempo e o excesso de trabalhos não permite.

Um Feliz Natal e um excelente 2012 a todos!

Rafael Bueno

sábado, 2 de abril de 2011

Histórias para todas as gerações e torcidas

Minha primeira coluna no Blog do São Paulo merece tratar de um assunto pouco discutido. Sou um amante do futebol: a tática do jogo, esquemas, bastidores, preparação física. Certamente, abordarei esses temas nesse espaço, pelo qual sou imensamente grato à Kátia e ao Zanquetta, em textos futuros. Mas, quando se fala desse esporte – e, sobretudo, quando se fala do São Paulo – devemos ir além desses aspectos para entendê-lo.

As comemorações pelo centésimo gol de Rogério Ceni no clássico contra o Corinthians ofuscaram uma declaração do goleiro-artilheiro que me chamou a atenção. Em resposta sobre a relevância do feito para um goleiro, o capitão são-paulino disse ficar feliz, pois “no futebol, quando você para, as pessoas vão se esquecendo de você”.

No sábado anterior ao histórico Majestoso, tive o prazer de conhecer Hideraldo Luiz Bellini, o capitão da Copa do Mundo de 1958 que vestiu o Manto Tricolor por seis anos de sua carreira (1962 a 1967).

Bellini está com 80 anos e sofre do Mal de Alzheimer. Fui até sua residência para cobrir a homenagem que o Avaí-SC prestou ao ex-zagueiro, que eternizou o gesto de erguer a taça de campeão sobre a cabeça e que terá os pés eternizados na “Calçada da Fama” do Estádio da Ressacada, em Florianópolis.

Dona Giselda Bellini, esposa do eterno capitão, disse que pessoas do São Paulo mantêm contato com a família e prestam esporádicas assistências.

É bonito que haja essa preocupação e carinho por parte de alguns dirigentes são-paulinos. No entanto, quando se trata de um ídolo nacional como Bellini, a prestação de auxílios não basta. Bellini faz parte da história do futebol brasileiro, da história do São Paulo e, portanto, deve ser repassada de geração para geração.

Homenagens e relatos, feitos em vida ou póstumos, deveriam ser mais frequentes. A resignação de Rogério Ceni é compartilhada por Dona Giselda que, diante da lembrança do Avaí-SC, disse “ser um reconhecimento, porque aqui no Brasil não existe história”.

É preciso mudar isso. O jovem torcedor são-paulino que somente agora começa a acompanhar o time precisa saber quem foi Bellini. E precisa saber que, na mesma época em que o capitão da Copa de 1958 vestiu a camisa do São Paulo, ele atuou no mesmo time do melhor atleta tricolor da década de 60, Roberto Dias Branco – o melhor marcador de Pelé, segundo o próprio.

Bellini não conquistou títulos pelo São Paulo. Roberto Dias comemorou apenas um, o Campeonato Paulista de 1970. Era a época de vacas magras na história tricolor em função da construção do Morumbi.

Já Rogério Ceni é um multicampeão pelo Tricolor e possui marcas tão ou mais significativas quanto as de Bellini e Roberto Dias. Ainda assim, existe a preocupação desse ícone mundial – que transcende os limites da torcida pelo São Paulo, invade os estados do país e ultrapassa as fronteiras entre as nações – em ser esquecido ao final de sua carreira.

Bellini, Roberto Dias, Rogério Ceni, dentre tantos outros ídolos, devem sempre ser lembrados e estudados pelo são-paulino de maneira a despertar a curiosidade do torcedor rival, que deverá fazer o mesmo com as figuras que marcaram a história de seu clube.

É um ciclo virtuoso. Hoje, é muito mais fácil de ser colocado em prática devido às inovações tecnológicas de divulgação, apesar da simples conversa com amigos e parentes mais velhos, ou contemporâneos de grandes atletas, ser sempre uma boa forma de aplicá-lo.

Conhecer a história do futebol brasileiro – da tática, dos esquemas de jogo, dos bastidores etc. – passa pelo aprendizado da história do nosso clube de coração. Além, é claro, de ser a forma mais respeitosa de agradecer aos personagens que ajudaram a construir a verdadeira adoração e amor que lhe dedicamos diariamente.

Em tempo: a visita ao Bellini teve momentos emocionantes. Devido à doença que o acomete, é raro vê-lo em pé, por exemplo. Naquele sábado, porém, foi diferente. Dona Giselda se revelou surpresa no momento em que o eterno capitão levantou-se espontaneamente. “Geralmente ele não levanta, hoje ele está muito bem, feliz, risonho”, disse.

E estava mesmo. Prova de que o carinho, as homenagens e as lembranças, por menores que sejam, ajudam a enriquecer a história e o espírito daqueles que ajudaram a construí-la.

É o mínimo que podemos fazer. Quando amamos algo ou alguém, temos a necessidade de explorar e conhecer o seu passado. Assim deve ser, portanto, com o clube que você escolheu torcer, acompanhar e amar.