O treinador do Palmeiras Caio Júnior, em entrevista à Rádio
Jovem Pan logo após a vitória contra o Figueirense no fim-de-semana passado,
declarou que o seu time irá disputar três jogos considerados por ele como
“finais” do Brasileirão. São Paulo, Cruzeiro e Botafogo são os próximos
adversários da equipe alviverde.
Em partida recente válida pela 18ª rodada do Campeonato
Brasileiro, o São Paulo de Muricy Ramalho enfrentou o Botafogo de Cuca. O
resultado final foi a vitória do Tricolor por 2x0 em pleno Maracanã , com
o alvinegro carioca abusando da vontade que foi apresentada com entradas
violentas de alguns atletas e, quando o time paulista abriu o placar,
esqueceram-se compeltamente a defesa, tal qual uma equipe que precisaria do
empate para ir para os pênaltis.
Houve uma supervalorização do jogo, muito pela imprensa e
talvez pela inexperiência do staff
botafoguense.
Cuca tratou aquela partida como uma final, exibindo vídeos
motivacionais na concentração de sua equipe com depoimentos dos familiares.
Enquanto isso, do outro lado, o São Paulo considerava aquele como mais um jogo
importante rumo ao pentacampeonato nacional – o que é bem diferente de uma
finalíssima valendo troféus e outras premiações.
Estaria Caio Júnior caindo no mesmo erro e tratando o Choque-Rei
desta quarta-feira como uma final? Pelas suas palavras, parece que sim, mas
isso só poderá ser observado e discutido durante e após a partida.
A verdade é que nem Caio, nem Cuca e nem Muricy possuem
totais conhecimentos para o exercício da profissão de treinador de futebol.
Todos eles têm em comum o conhecimento de causa, a vivência
no Futebol -- que, diga-se, é importantíssimo –, cursos específicos para a
formação de treinadores da modalidade e estágios com treinadores consagrados,
sendo que Muricy, particularmente, conta com o agravante de ter maior
experiência em relação aos outros dois.
Entretanto, é inegável que se todos eles cursassem Educação
Física, obteriam conhecimentos que só a Universidade os proporcionaria, como
por exemplo o foco desta discussão que é o estudo sobre as variáveis
psicológicas e suas conseqüências numa partida de futebol.
Este é um ponto que dói em muitos treinadores quando
discutido, mas, aquilo que foi visto em Botafogo x São Paulo, poderá
perfeitamente se repetir agora no clássico paulista por falta de embasamento
teórico-acadêmico dos envolvidos.
Não adianta o argumento de que existe uma comissão técnica
para evitar justamente estas falhas crassas, pois sabe-se muito bem que os treinadores
costumam ter os seus conceitos e suas maneiras de agir por si só.
A hora agora é de profissionalizar e de fazer vista grossa
com os técnicos exigindo deles o curso superior em Educação Física e
não apenas fornecer a carteirinha de provisionado do Conselho Regional de
Educação Física (CREF) para aqueles que trabalham ou trabalharam com o esporte
desde ou antes de 1983.