O São Paulo iniciou o jogo com a dupla Diego Tardelli e
Dagoberto se movimentando bastante. E com Souza, que parecia inspirado,
disposto, procurando jogadas e fazendo tabelas com Dagô e Tardelli e com os
alas Ilsinho e Júnior – foi só no início mesmo, porque depois dos dez primeiros
minutos o atual camisa 10 sãopaulino tornou-se inoperante.
O treinador sãopaulino Muricy Ramalho, então, vendo que o
Tricolor não criava e que a dupla de ataque estava recuada demais, longe do gol
adversário, deu a ordem para que ambos se revezassem na posição de
centroavante.
No entanto, isso parece não ter surtido efeito, devido à
forte marcação do Fluminense. A saída de bola do Tricolor Paulista foi bem
anulada, tanto que quem assistiu a partida do Morumbi pôde perceber os recuos
de bola para os zagueiros e para o goleiro Rogério Ceni devido à inoperância de
jogadas a fim de fazer a ligação do meio-campo com o ataque.
A única saída para assustar o goleiro Fernando Henrique do
Flu foi chutar de longa distância e foi assim que o São Paulo teve a primeira
chance com um Diego Tardelli com muita disposição de vencer.
No segundo tempo o problema da falta de articulação de
jogadas persistiu e o pior veio a acontecer aos oito minutos de jogo, numa
raríssima falha da defesa sãopaulina que teve de brecar o meio-campista Thiago
Neves com falta dentro da área cometida por Breno: penalidade máxima, bem
executada por Somália. O Fluminense abriu o placar e conseguiu mantê-lo, derrotando
o São Paulo por 1x0 em pleno Cícero Pompeu
de Toledo.
A verdade é que o Fluminense teve uma proposta de jogo e
conseguiu torná-la efetiva, anulando as jogadas do São Paulo e achou o seu gol
num vacilo do time mandante. Não se pode afirmar que o técnico Renato Gaúcho deu
um “nó tático” em Muricy, pois o contra-ataque do Tricolor do Rio de Janeiro
nem foi tão presente na partida de ontem.
O treinador sãopaulino, com sua equipe sendo derrotada, foi
para o tudo ou nada: tirou o volante Hernanes, que já tinha amarelo, para a
entrada de Leandro. Alguns minutos depois sacou o zagueiro Breno, que deu lugar
ao meio-campista Hugo.
Os dois entraram muito mal, com o primeiro sendo pouco
eficiente e objetivo e o segundo errando passes de dois metros, o que é
ridículo para um atleta profissional de futebol.
No fim ainda teve a substituição de Dagoberto, que pediu
para sair com dores no tornozelo, para a entrada do desleixado e sonolento
Lenílson, que junto com Tardelli fixou-se na área para os famosos chuveirinhos
que deveriam ser feitos por Hugo e Leandro articulando jogadas pelo lado
esquerdo e por Souza pelo lado direito que contava com as subidas agora
esporádicas de Ilsinho.
Muricy Ramalho fez o que podia, tentou ganhar o jogo. Mas a
má fase (ou deficiência?) técnica de alguns atletas parece não contribuir com o
técnico do São Paulo. São escassas as jogadas de ataque em que há um trabalho
da bola para que ela chegue redonda até os atacantes para que eles finalizem.
Ainda acho que o Souza – com toda sua limitação e, algumas vezes, displicência
--, dentro do elenco do Tricolor Paulista, é o que tem mais características
técnicas que iriam de encontro com este objetivo – mais ainda que Jorge Wagner,
pedido por muitos torcedores no meio-campo, que não é e nunca foi jogador que
serviu os companheiros de ataque.
Alguns defendem a demissão do treinador como se isso fosse
resolver todos os pontos negativos do time, independente da qualidade de
Muricy. Seria a famosa “mudança de ar” ou o famoso “fato novo”.
Pode até ser que esta seja a solução. Devo confessar,
todavia, que não sou adepto desta idéia e prezo pela continuidade de um
trabalho que se mostrou constante e vitorioso ao longo dos últimos três anos.
Juro que tentei enxergar erros de Muricy Ramalho para, quem
sabe, entrar no coro dos críticos do treinador que o chamam de burro, contudo,
não consigo enxergar que os problemas do time do Morumbi estejam concentrados
em suas atitudes no comando da equipe – mesmo vendo a avassaladora maioria de
torcedores e alguns jornalistas posicionando-se contra o técnico.
O tempo tratará de esclarecer quem está certo: os
profetas do apocalipse ou aqueles que acreditam que com pequenas mudanças no
elenco -- e não na comissão técnica -- o São Paulo recuperará sua identidade
vencedora.