quinta-feira, 19 de julho de 2007

São Paulo x Fluminense e Torcida x Muricy


O São Paulo iniciou o jogo com a dupla Diego Tardelli e Dagoberto se movimentando bastante. E com Souza, que parecia inspirado, disposto, procurando jogadas e fazendo tabelas com Dagô e Tardelli e com os alas Ilsinho e Júnior – foi só no início mesmo, porque depois dos dez primeiros minutos o atual camisa 10 sãopaulino tornou-se inoperante.

O treinador sãopaulino Muricy Ramalho, então, vendo que o Tricolor não criava e que a dupla de ataque estava recuada demais, longe do gol adversário, deu a ordem para que ambos se revezassem na posição de centroavante.

No entanto, isso parece não ter surtido efeito, devido à forte marcação do Fluminense. A saída de bola do Tricolor Paulista foi bem anulada, tanto que quem assistiu a partida do Morumbi pôde perceber os recuos de bola para os zagueiros e para o goleiro Rogério Ceni devido à inoperância de jogadas a fim de fazer a ligação do meio-campo com o ataque.

A única saída para assustar o goleiro Fernando Henrique do Flu foi chutar de longa distância e foi assim que o São Paulo teve a primeira chance com um Diego Tardelli com muita disposição de vencer.

No segundo tempo o problema da falta de articulação de jogadas persistiu e o pior veio a acontecer aos oito minutos de jogo, numa raríssima falha da defesa sãopaulina que teve de brecar o meio-campista Thiago Neves com falta dentro da área cometida por Breno: penalidade máxima, bem executada por Somália. O Fluminense abriu o placar e conseguiu mantê-lo, derrotando o São Paulo por 1x0 em pleno Cícero Pompeu de Toledo.

A verdade é que o Fluminense teve uma proposta de jogo e conseguiu torná-la efetiva, anulando as jogadas do São Paulo e achou o seu gol num vacilo do time mandante. Não se pode afirmar que o técnico Renato Gaúcho deu um “nó tático” em Muricy, pois o contra-ataque do Tricolor do Rio de Janeiro nem foi tão presente na partida de ontem.

O treinador sãopaulino, com sua equipe sendo derrotada, foi para o tudo ou nada: tirou o volante Hernanes, que já tinha amarelo, para a entrada de Leandro. Alguns minutos depois sacou o zagueiro Breno, que deu lugar ao meio-campista Hugo.

Os dois entraram muito mal, com o primeiro sendo pouco eficiente e objetivo e o segundo errando passes de dois metros, o que é ridículo para um atleta profissional de futebol.

No fim ainda teve a substituição de Dagoberto, que pediu para sair com dores no tornozelo, para a entrada do desleixado e sonolento Lenílson, que junto com Tardelli fixou-se na área para os famosos chuveirinhos que deveriam ser feitos por Hugo e Leandro articulando jogadas pelo lado esquerdo e por Souza pelo lado direito que contava com as subidas agora esporádicas de Ilsinho.

Muricy Ramalho fez o que podia, tentou ganhar o jogo. Mas a má fase (ou deficiência?) técnica de alguns atletas parece não contribuir com o técnico do São Paulo. São escassas as jogadas de ataque em que há um trabalho da bola para que ela chegue redonda até os atacantes para que eles finalizem. Ainda acho que o Souza – com toda sua limitação e, algumas vezes, displicência --, dentro do elenco do Tricolor Paulista, é o que tem mais características técnicas que iriam de encontro com este objetivo – mais ainda que Jorge Wagner, pedido por muitos torcedores no meio-campo, que não é e nunca foi jogador que serviu os companheiros de ataque.

Alguns defendem a demissão do treinador como se isso fosse resolver todos os pontos negativos do time, independente da qualidade de Muricy. Seria a famosa “mudança de ar” ou o famoso “fato novo”.

Pode até ser que esta seja a solução. Devo confessar, todavia, que não sou adepto desta idéia e prezo pela continuidade de um trabalho que se mostrou constante e vitorioso ao longo dos últimos três anos.

Juro que tentei enxergar erros de Muricy Ramalho para, quem sabe, entrar no coro dos críticos do treinador que o chamam de burro, contudo, não consigo enxergar que os problemas do time do Morumbi estejam concentrados em suas atitudes no comando da equipe – mesmo vendo a avassaladora maioria de torcedores e alguns jornalistas posicionando-se contra o técnico.

O tempo tratará de esclarecer quem está certo: os profetas do apocalipse ou aqueles que acreditam que com pequenas mudanças no elenco -- e não na comissão técnica -- o São Paulo recuperará sua identidade vencedora.

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