terça-feira, 18 de março de 2008

André Kfouri e o acaso


Gosto do jovem jornalista André Kfouri. Aliás, ele tem se saído muito melhor que o seu pai, o Juca, que nos últimos tempos, baseado em seus princípios, resolveu perseguir alguns atletas como se ele os conhecesse como um familiar muito próximo. Para o Kfouri pai parece não haver a chance de uma segunda chance.

Enfim, mas voltamos ao filho, o André.

Em seu blog, no post COMENTÁRIO SOBRE OS COMENTÁRIOS, André Kfouri diz ser o Palmeiras o favorito ao título do Campeonato Paulista tendo por base as últimas vitórias sobre Corinthians, Bragantino, Ponte Preta e São Paulo. Segundo o jornalista, nenhuma das quatro vitórias conquistadas contra estes quatro times foram obras do acaso.

Mas o que falar do último domingo, senão classificar o clássico disputado em Ribeirão Preto como acaso?

Um jogador que deveria ter sido expulso ainda no primeiro tempo foi decisivo em dois dos quatro gols palmeirenses. E foram três pênaltis assinalados em favor de uma única equipe, os quais eu não questiono, apesar do pesar da não expulsão de Kléber. Os jogadores palmeirenses que estiveram em campo tiveram seus méritos, como Valdívia na malandragem que rendeu ao seu time a primeira penalidade. Mas e Luxemburgo? Teve tanto mérito assim como coloca o André Kfouri? Não me consta um massacre alviverde em cima do Tricolor após suas substituições (Denílson, inclusive, entrou apagadíssimo), apesar do resultado que por si só não reflete o jogo.

Definitivamente, não consigo atribuir a vitória do Palmeiras sobre o São Paulo senão ao acaso, ou a um sucesso imprevisto, em um momento que o Tricolor dominava a partida. E o futebol é bonito, assim, porque é cheio, repleto de acasos.

domingo, 16 de março de 2008

Nada além de uma má fase


Dia de Palmeiras e São Paulo sempre desperta uma tensão diferente, semelhante àquela vivenciada pelos são-paulinos em dia de jogos de Libertadores ou Mundial (ah, e essas competições nós, são-paulinos, sabemos muito bem qual o sentimento envolvido!).

Não foi diferente no dia de hoje, que acabou com a vitória palmeirense por 4x1, o que deixa, justamente, os torcedores alviverdes empolgados. Talvez eu também me empolgasse se fosse o contrário, assim como me preocuparia se levasse quatro gols na cabeça.

Mas não, muito pelo contrário. Não consigo me revoltar com o Muricy Ramalho, nem com o Juninho – expulso no lance do terceiro gol do time do Palmeiras e que vinha tendo atuações altamente questionáveis desde a sua contratação – e nem com o Adriano que perdeu um gol que um centroavante com a quilometragem dele não costumaria perder.

Vamos aos fatos, vamos aquilo que de real aconteceu na partida.
Choveu muito em Ribeirão Preto, cidade que recebeu o clássico paulistano. O campo do Estádio Santa Cruz é muito bom desde que não sofra com os efeitos da chuva, que resolveu aparecer neste domingo e prejudicou muito o jogo, deixando o gramado pesado, escorregadio e fazendo valer o famoso “detalhe” do futebol, bem desenhado no primeiro tempo com os gols de Adriano pelo São Paulo após cobrança de escanteio de Jorge Wagner (a famosa bola parada) e do ex-tricolor Kléber em bela jogada empatando para o Palmeiras (a famosa jogada individual).

O mesmo que Kléber que não foi expulso por ter dado uma cotovelada maldosa em André Dias minutos antes de marcar o seu gol. Talvez – repito: talvez! – o árbitro não tenha visto o lance e por isso pode-se absolvê-lo. Mas que se faça a justiça no tribunal da Federação Paulista.

Resumindo o primeiro tempo, pode-se falar que o resultado foi justo (1x1), com um São Paulo bem posicionado, conseguindo trabalhar bem a bola e dando poucas oportunidades à equipe do treinador Vanderlei Luxemburgo. Isso fica bem claro na ineficiência do chileno Valdívia que pouco fez no primeiro tempo e até mesmo no segundo, apesar do pênalti sofrido que valeu a virada sobre o Tricolor.

Quando voltou do intervalo, o Palmeiras teve nos primeiros 15 minutos uma maior participação ofensiva, mas o Tricolor conseguiu dominar a partida depois da parada técnica aos 20, mesmo com a tímida entrada em campo de Joílson que substituiu um Carlos Alberto já pouco eficiente. Com a entrada do lateral/ala, o São Paulo passou a atuar com duas linhas de quatro jogadores e foi assim que criou boas chances, uma delas impressionantemente desperdiçada por Adriano.

Mas o futebol é imprevisível e aos 30 minutos da segunda etapa, Júnior foi tentar cortar uma bola na área com um carrinho e o chileno Valdívia espertamente aproveitou-se da situação indo de encontro à bola. Penalidade máxima, nada intencional uma vez que o lateral são-paulino visou exclusivamente à bola e nem viu a chegada do chileno. Denílson, revelado pelo Tricolor, cobrou, marcou e comemorou.

No desespero, o São Paulo foi para cima com a entrada de Aloísio no lugar de Júnior. E em uma desatenção do sistema defensivo tricolor – preocupante, porém compreensível pelo contexto do jogo naquele momento –, o atacante Kléber foi lançado, entrou sozinho na área e restou ao zagueiro Juninho fazer o pênalti. 3x1 para o Palmeiras, gol do sumido Valdívia, e a expulsão do infrator são-paulino.

Mesmo assim viu-se um São Paulo persistente, senão acreditando numa virada, acreditando que poderia amenizar a situação procurando o segundo gol e quiçá depois o empate. No entanto, em um contra-ataque do Palmeiras, Richarlyson derrubou Diego Souza na área. Pênalti que ele mesmo cobrou e decretando o 4x1 em Ribeirão Preto.

Fim de jogo.

Neste momento muitos pedem a cabeça de jogadores do São Paulo e do treinador Muricy Ramalho. Tomar uma goleada de um rival histórico pesa bastante e ninguém está feliz com isso. Deve-se, entretanto, esfriar a cabeça e analisar a partida racionalmente e perceber as evoluções da equipe de Muricy. Viu-se maior toque de bola e a insistência nos cruzamentos para as cabeças de Borges e Adriano não mais existiu, substituída por uma maior posse de bola e troca de passes.

Coletivamente o São Paulo esteve bem, com uma marcação eficiente e um trabalho de bola inédito em 2008 até sofrer o segundo gol naquele lance de Júnior e Valdívia que só se pode atribuí-lo ao acaso, assim como o resultado final da partida que não reflete aquilo que aconteceu em campo.

Individualmente houve pontos positivos no lado tricolor. Surpreendeu ver o Juninho, considerado por muitos um zagueiro que só pode atuar na sobra no esquema com três zagueiros, jogando como zagueiro central e desempenhando bem a sua função até a sua expulsão. Júnior, que ganhou todas do Valdívia – nem no lance da penalidade ele perdeu a bola para o chileno, mas a regra é clara e contra ela não há o que se fazer –, foi o melhor em campo, assim como foi bem o centroavante Adriano, buscando o jogo, fazendo tabelas com Borges, pecando apenas no gol perdido após o belo giro em cima do marcador palmeirense quando o jogo ainda estava 1x1. Borges batalhou muito, como sempre, e Zé Luís passa bastante segurança na lateral-direita. André Dias, na ausência de Miranda, foi o xerife da zaga. O goleiro é Rogério Ceni e isso basta.

Negativamente, porém, também existiram destaques. Richarlyson não é o mesmo de 2007. Carrega demais a bola, erra passes e acaba sendo prejudicial à equipe. Hernanes e Jorge Wagner ainda estão devendo no presente ano, apesar do camisa 7 do São Paulo estar se destacando nas jogadas de bola parada contribuindo com muitas assistências para gol. Joílson continua muito tímido, não transmite vibração.

O momento, não para menos, é “nitroglicerinico”. Muitos torcedores estão com os nervos à flor da pele querendo explodir tudo no Morumbi, achando que nada presta e que tudo está errado.

Pessoalmente, espero que a razão impere nos mandatários tricolores, na comissão técnica e no elenco. É um momento semelhante à derrota sofrida para o Atlético-MG por 1x0 em pleno Morumbi no Brasileirão do ano passado, quando se viu melhoras no time, mas a vitória não veio.

Vejo o São Paulo evoluindo e com a cabeça fria e com muito trabalho irá melhorar. Para muitos estarei parecendo um “último romântico”, demasiadamente otimista, mas a verdade é que essa é uma visão pura e simplesmente racional. Poderia estar revoltado, atirando pedras em tudo e em todos, ainda mais em se tratando de derrota para um time que, como torcedor são-paulino, considero o maior rival.

Não me parece nada mais do que uma fase difícil e que será superada com alguns reparos no elenco e nos treinos.

quinta-feira, 6 de março de 2008

Sangue nos olhos


Depois de um longo tempo sem escrever no RPB Blog devido às atividades de um último ano de faculdade, volto a deixar meu registro após um dia especial, o dia da primeira vitória do São Paulo na edição 2008 da Copa Santander Libertadores.

Foi uma vitória suada, de virada, jogando no Morumbi contra o Audax Italiano, do Chile. Os dois tentos tricolores foram anotados pelo Imperador Adriano, enquanto o bom Villanueva anotou para o Audax.

O jogo
Não foi uma exibição convincente, com bom toque de bola, jogadas variadas pelos dois flancos do campo. Aliás, a tônica do São Paulo não vem sendo essa mesmo, já que o treinador Muricy Ramalho tem insistido nas bolas alçadas na área para Borges e Adriano. Não é um futebol vistoso, mas tem apresentado resultados (até agora são sete vitórias, seis empates e apenas uma derrota).

O Tricolor entrou em campo com duas linhas de quatro, sendo a primeira formada por Zé Luís, André Dias, Miranda e Richarlyson e a segunda, no meio-de-campo, composta por Éder Luís, Hernanes, Fábio Santos e Jorge Wagner. As jogadas são-paulinas foram quase todas trabalhadas pelo lado direito do campo e talvez este tenha sido o jogo com mais finalizações ao gol adversário (foram 34, sendo dez delas de Adriano, segundo os números Footstats).

E é justamente pelo número alto de finalizações que já se pode afirmar que houve uma evolução no time de Muricy Ramalho. Além disso, o Audax não foi tão agressivo, apesar de ter oferecido perigo em alguns lances isolados, um deles revertido no belo gol de Villanueva após uma vacilada coletiva do Tricolor enquanto o polivalente Richarlyson encontrava-se lesionado (foi substituído por Júnior em seguida), contando ainda com a falha de marcação do volante Fábio Santos.

Restava ao São Paulo o ataque, ainda mais após a expulsão de um zagueiro adversário. Aloísio entrou no lugar de Fábio Santos e formou um trio de gigantes com Borges e Adriano na área do Audax, com Éder Luís agora jogando como ponta-direita. Os chuveirinhos que já existiam, naquele momento foram intensificados. E foi assim o gol de empate de Adriano, que cabeceou sem chances de defesa para o goleiro chileno.

Com a vantagem numérica, o Tricolor continuou indo para cima e dessa maneira construiu a virada: após um chute cruzado de Hernanes vindo da esquerda a bola sobrou para o Imperador decretar a vitória.
Ufa! 2x1 no Morumbi para felicidade dos quase 30 mil pagantes, numa noite de muita dedicação do time todo do São Paulo.

A reconstrução do império
Adriano não enfrenta uma grande fase. Chegou ao Tricolor para se recuperar e voltar à Itália com o status que o tornou conhecido no mundo futebolístico, mas não vinha se apresentando bem em campo apesar dos dois gols na estréia com a camisa são-paulina. Suas atuações pelo Paulistão, inclusive, davam nervoso ao torcedor: marcava pouco a saída de bola e não se percebia um espírito lutador no atacante.

Para agravar ainda mais a situação, surgiram as polêmicas envolvendo o nome do jogador ao chegar ao Brasil sem o uniforme da delegação tricolor na viagem de volta da Colômbia quando o Tricolor empatou em 1x1 com o Nacional de Medellín, ao ameaçar um fotógrafo no CT da Barra Funda e ao recusar-se a terminar o trabalho de recuperação feito no Reffis são-paulino. O resultado disso tudo foi uma multa de 40% no salário e uma conversa com o presidente Juvenal Juvêncio.

No entanto, ontem assistimos um Adriano diferente, motivado, brigador, nervoso a cada chute que não entrava no gol do oponente. Um Adriano com sangue nos olhos, que pareceu aliviado após os gols marcados ontem.

Ainda é cedo para falar que a má fase passou. Mas se o Imperador mantiver a mesma pegada do jogo de ontem sem se empolgar demais com os gols feitos, terá tudo para voltar a ser feliz e limpar o seu nome.

Torço para que a partida realizada no Morumbi tenha sido um divisor de águas para reconstrução do império de Adriano.

domingo, 27 de janeiro de 2008

São Paulo x Corinthians


No primeiro clássico do ano, o Tricolor não saiu do zero a zero contra o Corinthians. Foi uma partida disputada, com boas  chances criadas pelos dois lados.

O primeiro tempo, no entanto, teve uma ligeira superioridade corintiana, enquanto na segunda etapa o São Paulo voltou diferente e conseguiu ser superior, com um pênalti não marcado em Dagoberto e com o gol mal anulado do centroavante Adriano.

Seria justo o empate se não houvesse os erros d earbitargem referidos, todavia como ocorreram de fato, fica um empate com um gostinho amargo pelo lado são-paulino

Analisando a equipe do São Paulo, percebeu-se uma melhora no desempenho, mas ainda muito pouco para atingir as metas do ano – a Libertadores e o Mundial. Muitos passes errados ainda acontecem por jogadores que costumavam acertá-los, dentre eles Jorge Wagner e Hernanes.

A equipe do técnico Muricy Ramalho é uma com bola e outra sem ela. Coma  posse d ebola, o Tricolor joga no esquema 4-4-2, com Joílson e Richarlyson nas laterais, enquanto que quando a bola está nos pés do adversário, o polivalente Ricky se transforma num zagueiro pela esquerda, Jorge Wagner ocupa a ala pelo mesmo lado e Joílson desmepenha a mesma função no lado direito do campo.

No papel, é uma formação interessante, mas na prática não vem convencendo. Resta a nós torcedores confiar na capacidade de Muricy para que durante os treinos ocorram as necessárias melhorias.

sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

Troca-troca por Kléber, lateral do Santos


Seria um bom negócio se não envolvesse dinheiro para o São Paulo e se apenas dois dos três atletas do Tricolor especulados (Souza, Hugo e Júnior) fossem envolvidos no “troca-troca”.

Kléber hoje tem um preço no mercado que vale mais que os três tricolores juntos – e a intenção do presidente santista Marcelo Teixeira é que a negociação envolva os três são-paulinos e mais uma quantia em dinheiro. O lateral-esquerdo do Santos é atleta da seleção brasileira, vice da Libertadores e vice do Brasileirão, enquanto que Hugo, Souza e Júnior passaram por momentos de instabilidade em 2007 e iniciaram 2008 no banco de reservas, apesar da participação na conquista do pentacampeonato no ano passado.

No entanto, a diretoria do São Paulo deve se atentar para a temporada e pelos inúmeros jogos que estão por vir. Ganharia um atleta qualificado, mas perderia três de uma só vez. Isso poderia comprometer o elenco em quantidade.

Conhecendo a maneira de Juvenal Juvêncio administrar o São Paulo, acho que não sairá negócio se Marcelo Teixeira não ceder em alguns pontos. Para o Tricolor não muda muita coisa, já Leão continuará com um elenco limitadíssimo em quantidade e qualidade e os muros do CT Rei Pelé continuarão sendo pichados.