quinta-feira, 6 de março de 2008

Sangue nos olhos


Depois de um longo tempo sem escrever no RPB Blog devido às atividades de um último ano de faculdade, volto a deixar meu registro após um dia especial, o dia da primeira vitória do São Paulo na edição 2008 da Copa Santander Libertadores.

Foi uma vitória suada, de virada, jogando no Morumbi contra o Audax Italiano, do Chile. Os dois tentos tricolores foram anotados pelo Imperador Adriano, enquanto o bom Villanueva anotou para o Audax.

O jogo
Não foi uma exibição convincente, com bom toque de bola, jogadas variadas pelos dois flancos do campo. Aliás, a tônica do São Paulo não vem sendo essa mesmo, já que o treinador Muricy Ramalho tem insistido nas bolas alçadas na área para Borges e Adriano. Não é um futebol vistoso, mas tem apresentado resultados (até agora são sete vitórias, seis empates e apenas uma derrota).

O Tricolor entrou em campo com duas linhas de quatro, sendo a primeira formada por Zé Luís, André Dias, Miranda e Richarlyson e a segunda, no meio-de-campo, composta por Éder Luís, Hernanes, Fábio Santos e Jorge Wagner. As jogadas são-paulinas foram quase todas trabalhadas pelo lado direito do campo e talvez este tenha sido o jogo com mais finalizações ao gol adversário (foram 34, sendo dez delas de Adriano, segundo os números Footstats).

E é justamente pelo número alto de finalizações que já se pode afirmar que houve uma evolução no time de Muricy Ramalho. Além disso, o Audax não foi tão agressivo, apesar de ter oferecido perigo em alguns lances isolados, um deles revertido no belo gol de Villanueva após uma vacilada coletiva do Tricolor enquanto o polivalente Richarlyson encontrava-se lesionado (foi substituído por Júnior em seguida), contando ainda com a falha de marcação do volante Fábio Santos.

Restava ao São Paulo o ataque, ainda mais após a expulsão de um zagueiro adversário. Aloísio entrou no lugar de Fábio Santos e formou um trio de gigantes com Borges e Adriano na área do Audax, com Éder Luís agora jogando como ponta-direita. Os chuveirinhos que já existiam, naquele momento foram intensificados. E foi assim o gol de empate de Adriano, que cabeceou sem chances de defesa para o goleiro chileno.

Com a vantagem numérica, o Tricolor continuou indo para cima e dessa maneira construiu a virada: após um chute cruzado de Hernanes vindo da esquerda a bola sobrou para o Imperador decretar a vitória.
Ufa! 2x1 no Morumbi para felicidade dos quase 30 mil pagantes, numa noite de muita dedicação do time todo do São Paulo.

A reconstrução do império
Adriano não enfrenta uma grande fase. Chegou ao Tricolor para se recuperar e voltar à Itália com o status que o tornou conhecido no mundo futebolístico, mas não vinha se apresentando bem em campo apesar dos dois gols na estréia com a camisa são-paulina. Suas atuações pelo Paulistão, inclusive, davam nervoso ao torcedor: marcava pouco a saída de bola e não se percebia um espírito lutador no atacante.

Para agravar ainda mais a situação, surgiram as polêmicas envolvendo o nome do jogador ao chegar ao Brasil sem o uniforme da delegação tricolor na viagem de volta da Colômbia quando o Tricolor empatou em 1x1 com o Nacional de Medellín, ao ameaçar um fotógrafo no CT da Barra Funda e ao recusar-se a terminar o trabalho de recuperação feito no Reffis são-paulino. O resultado disso tudo foi uma multa de 40% no salário e uma conversa com o presidente Juvenal Juvêncio.

No entanto, ontem assistimos um Adriano diferente, motivado, brigador, nervoso a cada chute que não entrava no gol do oponente. Um Adriano com sangue nos olhos, que pareceu aliviado após os gols marcados ontem.

Ainda é cedo para falar que a má fase passou. Mas se o Imperador mantiver a mesma pegada do jogo de ontem sem se empolgar demais com os gols feitos, terá tudo para voltar a ser feliz e limpar o seu nome.

Torço para que a partida realizada no Morumbi tenha sido um divisor de águas para reconstrução do império de Adriano.

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