O ser humano tem estágios de desenvolvimento físico, motor e
psicológico. Dentro destes estágios, após diversos estudos, chegou-se a
conclusão que a partir dos 14 anos de idade, em média, podemos especializar um
indivíduo em um esporte (antes disso deve-se dar a ele o maior número de
estímulos possível para evitar aquilo que chamamos de feedback negativo, que
nada mais é a dificuldade dessa pessoa em lidar com outras tarefas motoras diferentes
daquela em que foi erroneamente acostumada).
Junto com essa especialização, deve-se exigir do indivíduo
posicionamento tático e logicamente um desempenho agradável nos diferentes
fundamentos do esporte escolhido.
Portanto, a partir das categorias infantis (sub-15), os
treinadores estão aptos, teoricamente, a exigirem um razoável posicionamento de
seus atletas em campo, ainda mais com a precocidade que assistimos no futebol
especialmente, com atletas sendo profissionalizados com 16 ou 17 anos. Cabe ao
treinador, entretanto, saber lidar com outras questões de ordem
psico-fisiológicas que atingem os adolescentes nesta idade, que poderão
influenciar o desempenho esportivo do jovem – e daí vem apenas uma importância
do curso de Educação Física para quem deseja ser treinador esportivo.
O que estamos discutindo, e que está relacionado ao que foi dito
anteriormente, é a formação do atleta como um todo. O treinador do São Paulo
Muricy Ramalho reclama que não existe mais o “camisa 8” e ele juntamente com outros
companheiros reclamam da escassez de “laterais-laterais”.
Na discussão do Footecon-2007, Vanderlei Luxemburgo disse estar
preocupado com a eleição de Rogério Ceni como melhor do Campeonato Brasileiro
por dois anos seguidos e citou o exemplo de seu ex-comandado no Santos, o
zagueiro Adaílton, que segundo o treinador “não sabia jogar na sobra”.
Estou de acordo com o Luxa e acho preocupante mesmo termos um
goleiro como melhor jogador do Brasil e competindo ainda com dois estrangeiros.
No entanto, o problema não está na formação de atletas, mas sim na necessidade
dos clubes em vender os seus bons valores precocemente, sem vê-los desfilar o
seu talendo nos gramados tupiniquins com certa regularidade. Afinal, no Brasil
sempre surgirão talentos como surgia antigamente, havendo a diferença de não
consegui-los manter por aqui por mais tempo. E aí entraremos numa discussão
sociológica e econômica do país como um todo.
Sobre o exemplo do zagueiro Adaílton, particularmente vejo isso
como uma deficiência na formação do atleta na categoria de base. Treinadores de
times infantis ou juvenis devem em seus treinos propiciar ao atleta variações
táticas de formação (4-4-2, 3-5-2...) e corrigir defeitos, como no exemplo do
jogador santista a noção de cobertura e posicionamento no lugar correto para
não chegar atrasado e ser expulso, como reclamou Luxemburgo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário