quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

A importância das categorias de base na formação sólida de um atleta


O ser humano tem estágios de desenvolvimento físico, motor e psicológico. Dentro destes estágios, após diversos estudos, chegou-se a conclusão que a partir dos 14 anos de idade, em média, podemos especializar um indivíduo em um esporte (antes disso deve-se dar a ele o maior número de estímulos possível para evitar aquilo que chamamos de feedback negativo, que nada mais é a dificuldade dessa pessoa em lidar com outras tarefas motoras diferentes daquela em que foi erroneamente acostumada).

Junto com essa especialização, deve-se exigir do indivíduo posicionamento tático e logicamente um desempenho agradável nos diferentes fundamentos do esporte escolhido.

Portanto, a partir das categorias infantis (sub-15), os treinadores estão aptos, teoricamente, a exigirem um razoável posicionamento de seus atletas em campo, ainda mais com a precocidade que assistimos no futebol especialmente, com atletas sendo profissionalizados com 16 ou 17 anos. Cabe ao treinador, entretanto, saber lidar com outras questões de ordem psico-fisiológicas que atingem os adolescentes nesta idade, que poderão influenciar o desempenho esportivo do jovem – e daí vem apenas uma importância do curso de Educação Física para quem deseja ser treinador esportivo.

O que estamos discutindo, e que está relacionado ao que foi dito anteriormente, é a formação do atleta como um todo. O treinador do São Paulo Muricy Ramalho reclama que não existe mais o “camisa 8” e ele juntamente com outros companheiros reclamam da escassez de “laterais-laterais”.

Na discussão do Footecon-2007, Vanderlei Luxemburgo disse estar preocupado com a eleição de Rogério Ceni como melhor do Campeonato Brasileiro por dois anos seguidos e citou o exemplo de seu ex-comandado no Santos, o zagueiro Adaílton, que segundo o treinador “não sabia jogar na sobra”.

Estou de acordo com o Luxa e acho preocupante mesmo termos um goleiro como melhor jogador do Brasil e competindo ainda com dois estrangeiros. No entanto, o problema não está na formação de atletas, mas sim na necessidade dos clubes em vender os seus bons valores precocemente, sem vê-los desfilar o seu talendo nos gramados tupiniquins com certa regularidade. Afinal, no Brasil sempre surgirão talentos como surgia antigamente, havendo a diferença de não consegui-los manter por aqui por mais tempo. E aí entraremos numa discussão sociológica e econômica do país como um todo.

Sobre o exemplo do zagueiro Adaílton, particularmente vejo isso como uma deficiência na formação do atleta na categoria de base. Treinadores de times infantis ou juvenis devem em seus treinos propiciar ao atleta variações táticas de formação (4-4-2, 3-5-2...) e corrigir defeitos, como no exemplo do jogador santista a noção de cobertura e posicionamento no lugar correto para não chegar atrasado e ser expulso, como reclamou Luxemburgo.

Diante disso tudo, um clube deve ter em seus objetivos institucionais revelar talentos para  a categoria profissional com uma formação sólida em todos os aspectos; a conquista de títulos nessas categorias é secundário, quiçá terciário. Não à toa vemos o São Paulo Futebol Clube arrecadando cerca de US$ 120 milhões nos últimos 12 anos só com a venda de jogadores formados no clube e certa vez, não há muito tempo, vi a entrevista de um dirigente são-paulino (se não me engano o presidente Juvena Juvêncio) falando exatamente sobre isso: que no Tricolor prioriza-se a formação do atleta em primeiro lugar, visando conquistas maiores no elenco profissional.

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