terça-feira, 23 de abril de 2013

Bayern de Munique, entre o escândalo do presente e a promessa do amanhã brilhante


Já com 20 minutos do 1º tempo do massacre imposto pelo Bayern de Munique ao Barcelona, comecei a refletir sobre o brilhante amanhã (não digo nem futuro, porque pode soar distante) que espera o time bávaro.

No entanto, foi inevitável refletir também sobre o escândalo de sonegação fiscal que envolve Uli Hoeness, presidente do clube alemão, seguido pelo vazamento da contratação de Mario Götze, do Borussia Dortmund, pelo Bayern.

O caso sobre evasão fiscal – revelado no sábado – era fortemente repercutido pela imprensa alemã, quando na segunda-feira à noite o jornal Bild deu a notícia sobre o acordo entre Götze e o Bayern. Na manhã desta terça-feira, o site do campeão alemão confirmou a negociação.

Restou ao Borussia se pronunciar oficialmente e admitir a transferência, agendada para 1º de julho, mediante o pagamento da multa contratual, estipulada em € 37 milhões.

Quem vazou a informação para o Bild? E por que confirmar neste momento do escândalo que acomete Uli Hoeness o acordo com Götze?
Torcedores do Borussia Dortmund começaram a se manifestar contra
Mario Götze após o anúncio do acordo para a transferência do jogador ao Bayern (Foto: Reprodução/Twitter)

Com a divulgação, o Bayern parece ter conseguido matar dois coelhos com uma cajadada só: o primeiro, evidente, foi encobrir o problema do mandatário do clube bávaro; o segundo, estremecer o ambiente de seu grande rival Borussia Dortmund, às vésperas de disputar a semifinal da Champions League contra o Real Madrid – torcedores já se manifestaram contra Götze.

Pelo momento que vive, definitivamente, o Bayern de Munique não precisava disso. Atitude amplamente questionável e que merece maiores esclarecimentos, pois a cortina de fumaça se reverteu num ambiente prejudicial à outra agremiação.

Em tempos onde o conceito de “fair play” está sempre em discussão, ficam todos os indícios do exato oposto: jogo sujo por parte dos bávaros.

Amanhã brilhante
Apesar de tudo isso, as chegadas de Pep Guardiola para comandar o time e de Mario Götze para reforcá-lo na próxima temporada tendem a fazer o Bayern de Munique entrar para a história no rol de times inesquecíveis.

Se já é excelente – como mostrou no impiedoso 4x0, que praticamente eliminou o Barcelona da Champions League –, pode ficar ainda melhor.

Recentemente, o campeão mundial (1974) alemão Paul Breitner, espécie de consultor do Bayern de Munique para diversos assuntos, concedeu entrevista à ESPN Brasil, exibida no programa Bola da Vez. Ele destacou como o time bávaro se reestruturou ao longo da última década com recursos próprios, sem haver um milionário russo ou árabe por trás, como virou moda.

O mais curioso da administração do Bayern é a presença maciça de ex-jogadores em cargos diretivos. Entre eles, Franz Beckenbauer (ex-presidente), Mathias Sammer (diretor de futebol), Karl-Reinz Rummenigge (chefe executivo), o próprio Breitner e o atual presidente, Uli Hoeness, a despeito do escândalo que veio à tona.

O momento que vive o clube e as perspectivas para um futuro próximo fazem parte de um planejamento muito bem executado. O mesmo, de acordo com o Breitner, pode se dizer do futebol alemão num todo, com a evolução da seleção e da Bundesliga.

Os alemães viram que estavam ficando para trás e repensaram suas ações – dentro e fora de campo.

Estratégia semelhante foi executada pelo Barça em 2003, graças a Ferran Soriano, então vice-presidente do clube catalão e um dos protagonistas por ter feito o Barça de Guardiola, Messi & Cia. entrar para a história. Até então, o time blaugrana era endividado, enfraquecido tecnicamente, com média de público baixa.

Quem sabe, faz acontecer.

O futebol alemão volta a dar mostras de sua força. E pode ter no Bayern de Munique o seu principal símbolo, com o potencial de em pouco tempo mostrar todo o seu brilho e se tornar referência, se tornar o time do amanhã.

Que o escândalo de seu atual presidente e a cortina de fumaça do anúncio da contratação de Götze tenham sido meros tropeços no brilhante caminho que trilha este gigante do futebol europeu.
Messi observa jogadores do Bayern de Munique comemorarem o gol de Mario Gomez, o segundo da goleada por 4x0 sobre o Barcelona (Foto: Kerstin Joensson/AP)

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