Noite gélida da última
quinta-feira. É trilado o apito final no Morumbi e o placar mostra: São Paulo
1x1 Atlético-PR. Apesar do apoio de 26 mil torcedores, o jejum de vitórias do
Tricolor continua e o temor da zona de rebaixamento no Campeonato Brasileiro se
acentua. Um amigo me pergunta: "O que a gente faz?"
A pergunta certa a se fazer seria:
"O que deveríamos (ou deveriam) ter feito?"
Em 2011, diante do iminente
vilipêndio ao estatuto de nosso Amado Clube Brasileiro, formamos – eu e outros
amigos são-paulinos – o Nem a Pau Juvenal (nemapaujuvenal.webnode.pt).
Consolidado o golpe, mantivemos a luta: nomeamo-nos contragolpistas (contragolpetricolor.com).
Falamos, escrevemos, nos
arriscamos pela honra do São Paulo Futebol Clube. Naquele ano, às vésperas da
reunião do conselho que desferiu o golpe, marcamos uma manifestação para antes
de um jogo contra a Portuguesa, no Canindé, com tricolores em maioria.
Decidimos panfletar, na tentativa de dar voz ao real problema que passaria a
afligir são-paulinos, como se vê hoje, e buscarmos agregar mais torcedores em
torno deste ideal.
Ficou na tentativa. A milícia
organizada nos ameaçou fisicamente – particularmente, me ameaçou – e então
decidimos parar. A violência que atingiu o São Paulo, atingiu uma manifestação
democrática.
Não tinha como dar certo. Como não
está dando e como não dará enquanto o São Paulo se mantiver como um feudo,
recluso, objeto das decisões e impulsos de seu senhor feudal.
Vai cair para a Série B? Não vai cair?
Sinceramente, é o de menos neste
momento. O rebaixamento, se acontecer (e há grandes, enormes chances de
acontecer), é simbólico.
Simbólico porque serve apenas para
os torcedores rivais debocharem do São Paulo Futebol Clube. Como se preocupar
com esse tipo de vexame futuro diante do outro já estabelecido, que é a
situação presente?
O clube com o segundo maior
faturamento do futebol brasileiro. O clube com uma folha de pagamento mensal
astronômica. O clube que, não faz muito tempo, realizou a façanha do
tricampeonato nacional consecutivo.
O clube que vê tudo isso ruir por
causa de uma gestão cuja soberba é proporcional à incompetência.
O eventual e cada vez mais
encorpado rebaixamento é simbólico, também, por tudo isso que envolve o
malfadado terceiro mandato do atual presidente. Juvenal Juvêncio, seu pitbull
do marketing e seus outros partidários – somente interessados em manter o
status de diretores e até mesmo uma potencial candidatura à presidência do São
Paulo – merecem. Corrijo: MERECEM! Em maiúsculas e com exclamação.
Caros são-paulinos, não somos nós
a causa deste momento. Nós não temos voz ativa, nunca tivemos, apesar de
sermos essenciais à existência do São Paulo Futebol Clube. Quem manda e
desmanda é quem deu golpe. Quem comprou apoio. Quem se vendeu pelo apoio. Quem
está desesperado, colocando ingressos a partir de R$ 2, na derradeira cartada
em que clama pelo apoio do ignorado torcedor.
Sim, com nosso grito de apoio
talvez seja possível manter o São Paulo na Série A. É um poderoso remédio, sem
dúvidas.
Mas infelizmente o remédio não
basta para fazer o São Paulo Futebol Clube retomar o caminho de vitórias, de
disputa de títulos grandes, de briga por primeiros lugares, de verdadeiras e
nobres conquistas.
O São Paulo Futebol Clube está sufocado.
O São Paulo Futebol Clube agoniza.
Para voltar a respirar, é preciso
entender que o momento é de suprimir qualquer resquício de vaidade, dar vazão a
ideias novas, atualizadas e profissionais. E o mais importante: dar voz ao
são-paulino para que ele possa votar.
O São Paulo de hoje é extremamente
fechado, avesso à democracia. Onde nem o sócio patrimonial vota diretamente
para escolher o presidente, estender este direito ao sócio-torcedor provoca
calafrios e, portanto, é ideia que sequer pode ser discutida.
No Morumbi, tudo – absolutamente
TUDO – se resume a votar em 80 conselheiros, minoria eterna num grupo de 240,
dos quais dois terços – 160 deles – são vitalícios. É algo definitivamente
anacrônico e destinado a perpetuar o poder de quem o tem.
E não se iluda, torcedor tricolor:
a despeito da esperança que a eleição em abril de 2014 traz, a mudança real
pode demorar. Sei das dificuldades de se manifestar, sei que há gente atuando,
com violência, para calar aqueles que querem ajudar a reconstruir o São Paulo,
mas juntos somos mais fortes que qualquer braço armado do senhor feudal &
Cia. limitadíssima.
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