domingo, 18 de agosto de 2013

Pela cura do sufocado e agonizante São Paulo


Noite gélida da última quinta-feira. É trilado o apito final no Morumbi e o placar mostra: São Paulo 1x1 Atlético-PR. Apesar do apoio de 26 mil torcedores, o jejum de vitórias do Tricolor continua e o temor da zona de rebaixamento no Campeonato Brasileiro se acentua. Um amigo me pergunta: "O que a gente faz?"

A pergunta certa a se fazer seria: "O que deveríamos (ou deveriam) ter feito?"

Em 2011, diante do iminente vilipêndio ao estatuto de nosso Amado Clube Brasileiro, formamos – eu e outros amigos são-paulinos – o Nem a Pau Juvenal (nemapaujuvenal.webnode.pt). Consolidado o golpe, mantivemos a luta: nomeamo-nos contragolpistas (contragolpetricolor.com).

Falamos, escrevemos, nos arriscamos pela honra do São Paulo Futebol Clube. Naquele ano, às vésperas da reunião do conselho que desferiu o golpe, marcamos uma manifestação para antes de um jogo contra a Portuguesa, no Canindé, com tricolores em maioria. Decidimos panfletar, na tentativa de dar voz ao real problema que passaria a afligir são-paulinos, como se vê hoje, e buscarmos agregar mais torcedores em torno deste ideal.

Reprodução do panfleto que mobilizava são-paulinos contra o golpe estatutário que dias depois permitiu o terceiro mandato de Juvenal JuvêncioFicou na tentativa. A milícia organizada nos ameaçou fisicamente – particularmente, me ameaçou – e então decidimos parar. A violência que atingiu o São Paulo, atingiu uma manifestação democrática.

Não tinha como dar certo. Como não está dando e como não dará enquanto o São Paulo se mantiver como um feudo, recluso, objeto das decisões e impulsos de seu senhor feudal.

Vai cair para a Série B? Não vai cair?

Sinceramente, é o de menos neste momento.  O rebaixamento, se acontecer (e há grandes, enormes chances de acontecer), é simbólico.

Simbólico porque serve apenas para os torcedores rivais debocharem do São Paulo Futebol Clube. Como se preocupar com esse tipo de vexame futuro diante do outro já estabelecido, que é a situação presente?

O clube com o segundo maior faturamento do futebol brasileiro. O clube com uma folha de pagamento mensal astronômica. O clube que, não faz muito tempo, realizou a façanha do tricampeonato nacional consecutivo.

O clube que vê tudo isso ruir por causa de uma gestão cuja soberba é proporcional à incompetência.

O eventual e cada vez mais encorpado rebaixamento é simbólico, também, por tudo isso que envolve o malfadado terceiro mandato do atual presidente. Juvenal Juvêncio, seu pitbull do marketing e seus outros partidários – somente interessados em manter o status de diretores e até mesmo uma potencial candidatura à presidência do São Paulo – merecem. Corrijo: MERECEM! Em maiúsculas e com exclamação.

Caros são-paulinos, não somos nós  a causa deste momento. Nós não temos voz ativa, nunca tivemos, apesar de sermos essenciais à existência do São Paulo Futebol Clube. Quem manda e desmanda é quem deu golpe. Quem comprou apoio. Quem se vendeu pelo apoio. Quem está desesperado, colocando ingressos a partir de R$ 2, na derradeira cartada em que clama pelo apoio do ignorado torcedor.

Sim, com nosso grito de apoio talvez seja possível manter o São Paulo na Série A. É um poderoso remédio, sem dúvidas.

Mas infelizmente o remédio não basta para fazer o São Paulo Futebol Clube retomar o caminho de vitórias, de disputa de títulos grandes, de briga por primeiros lugares, de verdadeiras e nobres conquistas.

O São Paulo Futebol Clube está sufocado. O São Paulo Futebol Clube agoniza.

Para voltar a respirar, é preciso entender que o momento é de suprimir qualquer resquício de vaidade, dar vazão a ideias novas, atualizadas e profissionais. E o mais importante: dar voz ao são-paulino para que ele possa votar.

O São Paulo de hoje é extremamente fechado, avesso à democracia. Onde nem o sócio patrimonial vota diretamente para escolher o presidente, estender este direito ao sócio-torcedor provoca calafrios e, portanto, é ideia que sequer pode ser discutida.

No Morumbi, tudo – absolutamente TUDO – se resume a votar em 80 conselheiros, minoria eterna num grupo de 240, dos quais dois terços – 160 deles – são vitalícios. É algo definitivamente anacrônico e destinado a perpetuar o poder de quem o tem.

E não se iluda, torcedor tricolor: a despeito da esperança que a eleição em abril de 2014 traz, a mudança real pode demorar. Sei das dificuldades de se manifestar, sei que há gente atuando, com violência, para calar aqueles que querem ajudar a reconstruir o São Paulo, mas juntos somos mais fortes que qualquer braço armado do senhor feudal & Cia. limitadíssima.

Vamos ficar remediando ou vamos buscar a cura do mal que já nos rebaixa, ainda que por ora não seja na simbólica Série B?

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