domingo, 27 de outubro de 2013

Moneyball mostra que paradigmas no esporte podem ser rompidos sem perder o romantismo

Finalmente, consegui assistir MoneyBall, filme conhecido aqui no Brasil pelo título “O Homem que Mudou o Jogo”. Que filme, amigos! E, depois, tive que ler um pouco mais sobre a história, toda baseada em fatos reais.

O esporte é envolto pela aura do romantismo. Há condutas seculares que são adotadas na busca por talentos – quase sempre pautada por análise individual e por critérios subjetivos.

Via de regra, o esporte sempre funcionou (funciona...) sob o pensamento de que, quando se perde um jogador, contrata-se outro pensando em substituí-lo a altura.

Pôster do filme 'MoneyBall', estrelado por Brad Pitt (Reprodução)O que MoneyBall mostra é o oposto: como a formação de um grupo, formado com base  na união entre a eficiência da ciência dos números – presente na figura do assistente Peter Brand (nome fictício – na vida real, o personagem se chama Paul DePodesta) – e a eficácia em sua utilização – representada pelo general manager Bill Beane (Brad Pitt) –, pode alavancar uma equipe.

E quando se fala em grupo, não é ao clichê esportivo (“o time está unido”; “o ambiente no vestiário é excelente”; “corremos uns pelos outros” etc.) que me refiro, mas sim à concepção de um plantel pautado pela matemática. Mais: pelo o que cada jogador contratado poderia agregar ao time, com base no desempenho que apresentavam em dados estatísticos específicos, apesar de serem contestados por fundamentos técnicos e ou condições físicas.

A história contada no filme mostra que o método foi amplamente questionado, o começo não foi ƒácil, muito pelo contrário. Ações polêmicas, como a dispensa de medalhões, tiveram de ser tomadas.

O Oakland A’s gerido pela dupla Beane-Brand (ainda) não foi campeão. Mas o Boston Red Sox, com poderio financeiro muito maior, adotou o modelo e conquistou o título.

Bill Beane poderia ter sido a cabeça pensante do Red Sox. Teve proposta milionária, mas rejeitou-a. Porque acredita poder fazer de seu Oakland A’s um time vitorioso, sem largar mão da metodologia adotada no início do século.

Ele “mudou o jogo” (para continuar no título made in Brazil de MoneyBall) pela razão que encobriu a emoção. Mas ao decidir permanecer em Oakland, mostrou que o romantismo que embebe o esporte ainda é inesgotável.

Sim, é possível quebrar paradigmas sem perder a paixão.


E o futebol?
Para o amante do futebol, assistir a MoneyBall sem estabelecer relações com o ludopédio é tarefa praticamente impossível.

Seria possível fazer algo semelhante neste esporte, sobretudo no Brasil?

Tarefa complicada. A análise subjetiva ainda é imperativa no futebol brasileiro. Não se trata de prescindir de um talento reconhecido para a constituição de um grupo, mas sim de escolhê-lo de forma criteriosa, levando-se em consideração a filosofia de jogo que se deseja implementar e também visando o desempenho coletivo máximo.

É um desafio interessante para os cientistas do futebol e do esporte junto dos cientistas que lidam com números.

Precisamos de mais pesquisas e estudos assim no futebol. Ainda mais neste contexto de mobilização de atletas no movimento Bom Senso FC, cuja pauta discute a saúde financeira dos clubes e o pagamento de salários, dentre outros assuntos importantes.

“Loucuras” em contratações tendem a ser abolidas e o benefício ao esporte e a todos os personagens que o constituem poderiam ser vislumbrados. É possível mudar o jogo por aqui também.

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