O São Paulo é o legítimo e campeão da Copa Sul-Americana.
Apesar de todo o tumulto e relatos de pancadaria na decisão do Morumbi, o
Tricolor foi o time que mais jogou futebol durante todo o torneio.
Futebol que, se personificado, encontra em Lucas a sua
projeção durante a campanha são-paulina. Melhor jogador da decisão – com um gol
e uma assistência – o craque foi além.
Depois da partida de ida, que culminou com justas críticas
ao experiente Luis Fabiano, Lucas deu uma aula que transcende o futebol bem
jogado.
Com a bola no pé,
driblou, enfeitou, arrancou aplausos em sua despedida do São Paulo rumo à
França, onde defenderá o Paris Saint-Germain. Com sua magia, começou a irritar
os argentinos do Tigre.
Sem a bola, lançou mão da catimba: fez questão de mostrar ao
seu marcador, o lateral-esquerdo Orban, o resultado da pancadaria argentina. O
algodão que estancava o sangue de uma cotovelada impune do jogador portenho lhe
foi oferecido por Lucas, de semblante sério.
O fator Lucas foi preponderante para que o time argentino
protagonizasse o papelão de desistir da disputa dos 45 minutos finais e
iniciasse a confusão que marcou o confronto.
No fim, o futebol do São Paulo e de Lucas venceu o jogo. Essa
é a lição a ser aprendida pelos jogadores do Tigre.
A outra lição – a um companheiro do elenco – é fruto da inteligência
do craque tricolor. O que sobrou de perspicácia no jogador de 20 anos, faltou –
e ainda falta – a Luis Fabiano, 11 anos mais velho.
Homenagem da torcida são-paulina a Lucas antes de a bola rolar para o primeiro tempo de São Paulo x Tigre (Foto: Rubens Chiri / saopaulofc.net) |
Retaliações entre os clubes e pancadaria
A pancadaria começou no jogo de ida. O Tigre pouco jogou, bateu muito e ainda assim conseguiu cavar a expulsão do descontrolado Luis Fabiano.
A postura do time argentino reafirmou uma cultura
latino-americana nos torneios de futebol disputados pela América (clique aqui
para saber mais). Algo que deveria ser tratado com mais contundência pela Conmebol,
sobretudo em relação à postura da arbitragem – os jogadores são-paulinos já
haviam sido vítimas da violência dos chilenos da Universidad Católica.
Para além do campo de jogo, sobrou retaliações entre os
dirigentes de clubes. O São Paulo acusa o Tigre de ter dificultado a entrega de
ingressos e de ter dificultado o acesso ao gramado da Bombonera em treino na
véspera da partida de da decisão da Sul-Americana.
Para o jogo de volta, o Tricolor impediu os argentinos de
que treinassem no Morumbi (alegou que o gramado estava castigado devido ao show
da Madonna que aconteceu no estádio dias
antes) e apenas comunicou o adversário poucas horas antes do horário em que planejavam
treinar.
No dia do jogo, tentou impedir os jogadores argentinos de se
aquecerem no gramado.
É compreensível – mas não aceitável – que um time pequeno
como o Tigre, que disputou a primeira decisão em sua história centenária, aja
desta maneira. Pelo outro lado, é inconcebível que o São Paulo tenha a mesma
atitude.
Se o gramado do Morumbi de fato estava ruim, bastava
comunicar o time oponente com a devida antecedência.
Não precisava de artimanhas do tipo, que não ganham jogo e
só ajudam a acirrar os ânimos.
Entrada do vestiário de visitantes do Morumbi: destruição e marcas de sangue (Foto: Marcelo Prado / Globoesporte.com) |
Já a pancadaria que extrapolou as quatro linhas,
independente dos fortíssimos indícios de que foi a delegação do Tigre que
iniciou toda a confusão no corredor dos vestiários, resta lamentar, pois é
improvável que a verdade – se houve ou não armas apontadas para os argentinos –
virá à tona.
Nenhum comentário:
Postar um comentário