quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Após nova expulsão, Luis Fabiano adota discurso de quem assume derrota pessoal; adversidades de jogos sul-americanos não são únicos desafios para o atacante


Jogos envolvendo equipes do cone sul da América são, historicamente, caracterizados pela pancadaria, catimba e provocações entre jogadores e torcida. O futebol brasileiro, no entanto, sempre esteve à parte neste estilo.

Não à toa, apesar do bi da Copa Libertadores alcançado pelo Santos de Pelé (1962 e 1963), o torneio não despertava grandes anseios nos clubes de nosso futebol. Tanto era assim qu,e em 1966, 1969 e 1970, não houve participação de brasileiros, que alegavam se tratar de disputas violentíssimas.

A ambição e preparação voltadas à Copa Libertadores só amadureceram, de fato, com as conquistas do São Paulo em 1992 e 1993.

Ainda assim, depois de tantos anos, os inconvenientes da pancadaria, catimba e provocações dentro e fora do campo persistem. E o brasileiro continua sendo elemento estranho no modo como lida com estes obstáculos.

Simplesmente, porque não sabe fazer. É outra cultura, outro estilo. Há exceções – como o corintiano Emerson Sheik na final da Libertadores deste ano entre Corinthians e Boca Juniors –, mas são raras.

A expulsão de Luis Fabiano na primeira partida da decisão da Copa Sul-Americana entre o São Paulo e os argentinos do Tigre, no entanto, não se enquadra apenas na forma de encarar estes problemas.

Luis Fabiano, em primeiro plano, lamenta a expulsão no jogo Tigre x São Paulo, enquanto companheiros de time e adversários cercam o árbitro da partida (Foto: Daniel Garcia/AFP)
Cada um lida com o nervosismo e situações de estresse de modo diferente. Às vezes, com violência. Mas com o atacante tricolor, que tem diversos problemas disciplinares acumulados ao longo da carreira, esse ato independe de confrontos sul-americanos.

E independe da repetição. Na primeira faísca, ele pode explodir. O cartão vermelho lhe foi mostrado com apenas 13 minutos de jogo.

Como o próprio Luis Fabiano diz, ele não leva desaforo para casa, não tem sangue de barata. Devemos aceitá-lo como ele é.

O problema é que o modo de ser lhe expôs a realidade: Luis Fabiano aceitou a derrota para si.

Ele, que voltou ao São Paulo para ser campeão, estará ausente do jogo decisivo em um Morumbi lotado. Sentimento de “frustração”, “o pior momento da carreira”, “vontade de largar o futebol e viver em paz”, segundo suas próprias palavras.

Luis Fabiano assume essa derrota pessoal para ele mesmo. Certamente, a pior derrota que um profissional pode sofrer.

Se o São Paulo for campeão, fica a eterna frustração por não ter participado da partida final, até que ele tenha nova chance (e não a desperdice novamente).

Se o Tigre for o campeão, ele carregará consigo o peso da derrota, multiplicado sabe-se lá por quantas vezes em relação a seus companheiros de clube.

De fato, deve ser o pior momento da carreira, que o próprio Fabuloso compara com a morte do avô que o criou.

A Copa Sul-Americana, por óbvio, não tem o mesmo status da Libertadores.

Se tiver a oportunidade de conquistar o grande torneio do continente, Luis Fabiano não terá apenas de superar as dificuldades históricas de pancadaria, catimba e provocação em prol do time.

O seu desafio agora é pessoal. Vencer a si mesmo e viver em paz com o futebol. Sem largá-lo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário