No primeiro semestre, mais especificamente durante o
Campeonato Paulista e a Copa Libertadores da América, sobraram críticas ao
técnico Muricy Ramalho do São Paulo pela escalação do originalmente
meio-campista Souza como volante – inclusive deste que vos escreve.
Hoje assistimos a uma variação de esquemas táticos no
Tricolor Paulista: ora um 3-4-2-1, ora um 3-4-1-2 e, mais recentemente, Muricy
resolveu inovar e implantar na equipe são-paulina um esquema tático tradicional
na Europa, o 4-4-2 com duas linhas de quatro.
Em todos eles, porém, percebe-se a intensa movimentação de
Richarlyson e Jorge Wagner, que se revezam na função de volante, ala-esquerdo
ou até mesmo na lateral-esquerda (nesta última, apenas no 4-4-2).
Não há nenhuma estatística de quanto tempo da partida cada
um destes jogadores desempenha alguma das funções acima. No entanto, numa
grosseira observação dos últimos jogos do São Paulo, o polivalente Richarlyson
aparenta exercer com mais freqüência nas partidas as funções de ala-esquerdo ou
lateral-esquerdo.
Com isso, logicamente, Jorge Wagner vai para o
meio-de-campo, onde tem a função de fazer a ligação entre defesa e ataque, assim
como o lateral/ala Richarlyson, como o ala Souza e como o volante Hernanes.
Diante desta constatação, surge na cabeça de alguns
são-paulinos algumas indagações: Jorge Wagner não é volante e nem tem cacoete
para tal. Logo, como pode Hernanes dar conta do recado e o experiente Josué não
neste esquema “com um único volante”?
Ora, caros são-paulinos e apreciadores do futebol, é óbvio
que Josué não é o culpado. E nem Muricy. E nem Souza, que, é bem verdade, tem
melhor poder de marcação que o bom Jorge Wagner.
Então, qual a razão do fracasso são-paulino no primeiro
semestre se aquele São Paulo, assim como o atual, tinha um único volante?
Não se procurará aqui culpados. Até porque não há nenhuma
certeza daquilo que poderia ser melhor e, portanto, tratar-se-ia de
especulações ou, na linguagem comum, estar-se-ia “chutando”, pois não havia
acompanhamento do dia-a-dia são-paulino.
A única afirmação que se pode fazer para justificar a
evolução daquele São Paulo do início de 2007 para o atual -- o iminente
pentacampeão brasileiro e com boas possibilidades de traçar a Copa Sulamericana
– é que a modificação na equipe foi drástica, principalmente com a saída de
Mineiro e Danilo.
Por isso, demandaria tempo para maiores observações para
então montar uma equipe competitiva. Aquela que fracassou no Paulistão e na
Libertadores não deu certo, seja por motivos táticos, seja por acomodação ou
por ambas hipóteses. O único jeito foi
levantar a cabeça e trabalhar, sempre na busca do encaixe perfeito.
E ele veio, mesmo depois de um início cambaleante neste
Brasileirão agora praticamente liquidado, mesmo com um solitário jogador
fazendo a contensão à frente da defesa.
Muricy Ramalho sempre acreditou nessa idéia. Ele só
precisava de tempo para colocá-la em prática e achar as melhores peças para que
fosse concretizada. Somando o seu suor no trabalho diário com o elenco à
ousadia que teve ao inovar e importar padrões europeus para o Brasil, conseguiu
atingir seu objetivo que era manter o São Paulo no topo mesmo com a saída de
jogadores importantes.
Sim, amantes e curiosos do futebol, é possível tornar um
time vitorioso com um único volante.
A maior prova disso é o São Paulo, o São Paulo com a
convicção e com a autoconfiança de Muricy.
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