terça-feira, 2 de outubro de 2007

Convicção e auto-confiança: a receita de um São Paulo vencedor


No primeiro semestre, mais especificamente durante o Campeonato Paulista e a Copa Libertadores da América, sobraram críticas ao técnico Muricy Ramalho do São Paulo pela escalação do originalmente meio-campista Souza como volante – inclusive deste que vos escreve.

Hoje assistimos a uma variação de esquemas táticos no Tricolor Paulista: ora um 3-4-2-1, ora um 3-4-1-2 e, mais recentemente, Muricy resolveu inovar e implantar na equipe são-paulina um esquema tático tradicional na Europa, o 4-4-2 com duas linhas de quatro.

Em todos eles, porém, percebe-se a intensa movimentação de Richarlyson e Jorge Wagner, que se revezam na função de volante, ala-esquerdo ou até mesmo na lateral-esquerda (nesta última, apenas no 4-4-2).

Não há nenhuma estatística de quanto tempo da partida cada um destes jogadores desempenha alguma das funções acima. No entanto, numa grosseira observação dos últimos jogos do São Paulo, o polivalente Richarlyson aparenta exercer com mais freqüência nas partidas as funções de ala-esquerdo ou lateral-esquerdo.

Com isso, logicamente, Jorge Wagner vai para o meio-de-campo, onde tem a função de fazer a ligação entre defesa e ataque, assim como o lateral/ala Richarlyson, como o ala Souza e como o volante Hernanes.

Diante desta constatação, surge na cabeça de alguns são-paulinos algumas indagações: Jorge Wagner não é volante e nem tem cacoete para tal. Logo, como pode Hernanes dar conta do recado e o experiente Josué não neste esquema “com um único volante”?

Ora, caros são-paulinos e apreciadores do futebol, é óbvio que Josué não é o culpado. E nem Muricy. E nem Souza, que, é bem verdade, tem melhor poder de marcação que o bom Jorge Wagner.

Então, qual a razão do fracasso são-paulino no primeiro semestre se aquele São Paulo, assim como o atual, tinha um único volante?

Não se procurará aqui culpados. Até porque não há nenhuma certeza daquilo que poderia ser melhor e, portanto, tratar-se-ia de especulações ou, na linguagem comum, estar-se-ia “chutando”, pois não havia acompanhamento do dia-a-dia são-paulino.

A única afirmação que se pode fazer para justificar a evolução daquele São Paulo do início de 2007 para o atual -- o iminente pentacampeão brasileiro e com boas possibilidades de traçar a Copa Sulamericana – é que a modificação na equipe foi drástica, principalmente com a saída de Mineiro e Danilo.

Por isso, demandaria tempo para maiores observações para então montar uma equipe competitiva. Aquela que fracassou no Paulistão e na Libertadores não deu certo, seja por motivos táticos, seja por acomodação ou por ambas hipóteses.  O único jeito foi levantar a cabeça e trabalhar, sempre na busca do encaixe perfeito.

E ele veio, mesmo depois de um início cambaleante neste Brasileirão agora praticamente liquidado, mesmo com um solitário jogador fazendo a contensão à frente da defesa.

Muricy Ramalho sempre acreditou nessa idéia. Ele só precisava de tempo para colocá-la em prática e achar as melhores peças para que fosse concretizada. Somando o seu suor no trabalho diário com o elenco à ousadia que teve ao inovar e importar padrões europeus para o Brasil, conseguiu atingir seu objetivo que era manter o São Paulo no topo mesmo com a saída de jogadores importantes.

Sim, amantes e curiosos do futebol, é possível tornar um time vitorioso com um único volante.

A maior prova disso é o São Paulo, o São Paulo com a convicção e com a autoconfiança de Muricy.

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